"Enquanto Fausto esteve longe, expandindo-se para além do alcance de Margarida, o «pequeno mundo» de que a arrancara – aquele mundo de «ordem e completa satisfação» que achara tão doce – desabou sobre ela. Assim que a notícia correu, os seus antigos amigos e vizinhos caíram sobre Margarida com bárbara crueldade e fúria vingativa. (…) Margarida leva o seu lamento para a igreja, na esperança de aí encontrar conforto. (…) Tormento e aflição é tudo quanto o seu mundo lhe pode oferecer: os sinos que salvaram a vida do seu amante dobram agora pela sua condenação. (…) Os acontecimentos precipitam-se: o filho de Margarida morre, ela é metida na cadeia, julgada como assassina e condenada à morte. (…) Fausto adoece de culpa e remorso. Num campo desolado, num dia sombrio, enfrenta Mefistófeles e queixa-se do seu destino. (…) O crescimento humano tem custos humanos; quem quer que o deseje tem de pagar o preço, e o preço é altíssimo. (…) Claramente, não há possibilidade de diálogo entre um homem aberto e um mundo fechado".
(Fotografia: Amsterdão, Holanda, Março de 2001 / Texto: sobre Fausto de Goethe, in Tudo o que é sólido se dissolve no ar, de Marshall Berman)
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Thursday, March 30, 2006
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