
Tinham-me dito, naquele tempo, que haviam anjos em Kinshasa, e eu na tenra juventude acreditei e não cuidei de olhar para o caminho já feito e de notar que eles tinham ficado lá atrás, longe já, agitando as suas pétalas de desespero no lado de lá da fronteira vermelha e negra. Espectros esfarrapados e em desespero lançando na poeira daquele chão martirizado as últimas lágrimas do adeus. Não era em Kinshasa que estavam, não! Os anjos estavam longe dali. Ali quem estavam eram homens fardados que para nos protegerem de nós mesmos nos arrancaram a todos as asas e nos disseram que doravante a nossa vida seria assim e assim…
(Fotografia: Porto, Fevereiro de 2007 / Texto: Coimbra, Portugal, 8 de Julho de 2007)
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4 comments:
Gostei, claro que gostei...
Como poderia não gostar?
sal
se calhar os anjos estão em todo o lado é preciso é acordá-los.
Pimenta
Lembras-te de os ter procurado no Père Lachaise em Paris e de te ter dito que tinha encontrado muito mais em Roma? Se calhar ando a usar as lentes erradas para os fotografar... eh eh
Celso,
Estou interessado em ir ver o filme.
Horas? E onde?
Abraços,
Abílio Neto
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