MY WOMAN, MY GIRLFRIEND, DIED. THIS BLOG HAS REACHED AN END.
Me and Lea met last September in Latvia in a meeting of Youth Program. We immediately liked each other. She was coming out from a relationship and it happened… We always were together in that meeting, and I felt we were destined to something.
I went to visit her in Slovakia last Christmas. I spent with her Christmas and new years’ day. Love happened again. It hadn’t stayed in Latvia, it was true and real and I should never have returned to Portugal… I will never forget everybody waiting for me inside the bus to Bratislava, and me outside with Lea, holding each other in silence.
We were planning to be together in May, and we talked about living together somewhere. That was her idea and I wanted to. I love Lea, Lea loved me, and the last message she sent me on the day before she died was so beautiful and full of hope. “I want to be with you and just love you” were her last words to me, and I will keep those and everything else with me forever.
Tonight I dreamt with Lea! We started kissing as we used to do, without limits, and I woke up kissing my own arm. I suppose it’s only starting. I suppose the worse is yet to come, but I want the world to know how she loved me and that I will always love her.
In a few weeks I will go to Banská Bystrica to visit her, to say so long to my little princess. I also want to visit her family, which I love so much. I need to hug her mother. Now she’s my mother too.
Lea died Saturday, 31st of January, around 18.00 in a car crash. She was on the back seat and died on location. I won’t write here no more. This blog has come to an end. Thank you all.
Dakujem Lea, môj laska, ja prisf neskoro ty...
Sunday, February 08, 2009
Saturday, February 07, 2009
Adeus Lea
(Para a Lea Lipková, minha querida mulher, com uma saudade que me desfaz. 5/1/1980 – 31/1/2009)
Abro a porta uma última vez. Convido a entrar?
Eu sou um ser antigo. Pouco consigo esquecer de tudo o que vi, do muito que senti, do exagero de tudo o que disse e fui forçado a ouvir. O mundo, este mundo, entrou-me pelos olhos adentro como raios de sol em África em cheio no despertar de um bêbedo. Abri a boca como se horas tivessem passado desde a última vez que havia inspirado, e a vida entrava-me de rompante, rebentando com tudo cá dentro à passagem, como uma massa compacta de água nos últimos segundos da vida de um náufrago. Convidei a entrar?
Abro a porta e vejo-me lá, ao longe, de calções de xadrez e sorriso sujo de criança. Vejam! E lá estou ao longe a flutuar, longe da costa. Como cresci, meu Deus! Já não uso mais os calções de xadrez. Agora visto-me apenas de garrafas de cerveja e ocasionais shots de vodka, calças por vezes rasgadas, um sentir frequentemente magoado de tudo…
Para lá da porta aberta existe ainda este país, que desde muito jovem sonhei deixar para trás e assim, longe, talvez lhe poder sentir a falta. Nada mudou aqui. Foram décadas e o essencial ficou, como amontoados da mesma merda seca espalhada pelas ruas. Convido-me a sair, mas não vou já. Só mais uns minutos por favor.
Para lá da porta aberta está também tudo o que sou agora, aqui. De braços caídos como o derradeiro idiota, colados de lado ao corpo, não evito sorrir ao ver os que me acompanharam até chegar a este sítio. Mãe, pai, pedia-vos que fugissem, mas não acredito haver já nada para vocês noutro lugar. Perdoem-me. Se me mostrarem um dia o contrário prometo ficar feliz. Mas por agora venham, entrem na casa e esperem-me na sala. Eu volto.
Sigo mais para dentro. Sei que por aqui, algures numa divisão mais recôndita, há ainda alguém que preciso recordar, inevitavelmente passando ao lado das centenas de pessoas que me marcaram e a quem tiro desde já o meu chapéu, ainda que nunca tenha sido meu hábito usá-lo.
Vou abrindo portas atrás de portas. Uma após outra até que te encontro! Numa sala repleta de claridade, submersa num lindo sol de inverno, estás sentada no chão encostada a um velho sofá castanho, e olhas-me com um sorriso triste. Aqui mesmo te juro que nunca te esquecerei assim! O sol que entra pela janela atrás de ti faz explodir em vermelho os teus cabelos ruivos. Lenta, sorrindo triste, antiga como eu, penteias-te com a mão direita enquanto a outra agarra esses cabelos longos em jeito de rabo-de-cavalo. Depois paras, olhando-me, e pousas a escova no chão ao teu lado. Aproximo-me de ti, baixo-me para te passar a mão pelos cabelos, para te beijar o rosto e a testa, para te pedir desculpa por não te poder entregar a minha pele e a minha cor. E ficas assim, com o sol por trás enquanto penso em como dizer adeus, de ombros caídos e braços colados aos lados do corpo como o supremo pateta que sempre me habituei a ser. Convidas-me a ficar?
Volto-me para a saída. Não olho para trás por medo e saio da sala recôndita com o sinal vermelho aceso por cima da porta de entrada. Ao fundo do corredor lá estou eu distante, calções de xadrez, flutuando cada vez mais longe da costa num mar de leite magro e sem sabor. Como cresci! E é então que começo a correr, em silêncio, em direcção à porta de saída cada vez mais distante. Sinto apenas suor e o bater descoordenado do meu coração, enquanto a vegetação vai crescendo pelas paredes atrás de mim, à minha volta, à minha frente… Os meus passos mergulham já nas águas que invadem o chão da casa. Sinto apenas a tua falta e este angustiante cheiro a verde e a terra. Fecho a casa para nunca mais voltar.
Amo-te Lea.
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