Monday, April 24, 2006

Geography of emotions

When asked about what she felt Simone answered that it wasn’t easy to explain! For many years she tried to deal with what was going on inside her, with her feelings about what she had seen. She didn’t knew how, and where, she had kept all that! Definitely, she didn’t know what to answer. Paul could tell all she wanted was to be left alone now; she didn’t really want to be having that conversation. Just by looking at her anyone could see she didn’t want to talk anymore. Her hands and legs were restless, willing to move out from that room and from that life. Her mind was already outside, and the body would soon follow.

Suddenly Paul went to the window, turned his back on her, and stared at the quiet marshes as he lighted a cigarette. It was very cold outside. He stood like that for quite a while, silent as the day itself, lost in his thoughts for a long moment. And when she made a movement to leave he asked her suddenly, without facing her:

- And if it happens again Simone? How will you deal with it?

She sat back again and stared at him, waiting for him to turn and face her. But he didn’t, his eyes kept looking at the marshes, and she felt an urge to hit him, to hit him hard for what he was doing, for all his questions, for making her remind. But instead she lowered her eyes to her waist, smiled grotesquely, and caressed her left wrist with her right hand. She thought: Behind all those windows something must be happening… She stared at the bottle of whiskey over a little table in a corner of the room, and with her right hand she took a small knife from the pocket of her bathrobe. Then she spoke, as she stood up:

- I need a drink, Paul! I really need a drink now!

(Photography: Purmerend, Holland, March 2001 / Text: Coimbra, Portugal, April 24th, 2006)

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Wednesday, April 19, 2006

Post scriptum

What do I know about tenderness? If happiness came today I think I wouldn’t know what to do with it.

(Photography: Rome, Italy, March 2nd 2006)

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Tuesday, April 11, 2006

Descobrir novos planetas

No âmago da minha viagem esteve também a ausência de ti – tínhamos finalmente atingido Plutão, lembras-te? Sim, este é para ti… E então encontrei-me com alguns amigos, tomei uns copos, fiz alguma conversa de circunstância quando, na realidade, já ali não estava mais, e lá entrei eu na noite, sozinho e tão cheio de mim, com bagagem atrás. Depois… autocarro, avião, comboio, táxi, e mais comboio uns dias depois, e finalmente um barco e de repente… um rochedo no meio do Mar Tirreno onde descansei vendo o barco que me trouxe afastar-se de novo e procurando na cerveja esquecer-me de tudo por algumas horas. E esqueci! Apenas uma semana se tinha passado e eu já nem recordava o facto de não ter estado em espírito à mesa dos amigos. Mas de ti não me esqueci, ali naquele lugar. Porque nunca me quis esquecer. Posso até dizer-te mais: que te recordei próximo das nove da noite de 22 de Fevereiro de 2006. Não interessa a razão de ser assim mas recordar os motivos para que assim acontecesse, e eles existiram ali, na bela ilha de Capri. Se em algum momento houve naquela viagem um propósito para o regresso – sendo que esse seria inevitável – esse propósito eras também tu! Conhecia-te antes de te conhecer, e sempre tive a mais absoluta certeza de que te iria tocar, de que te iria beijar. Mas como imprevisível que é, a vida depois pregou-me mais uma partida. E essa eu não previ, felizmente! Desejo agora que um dia novos planetas possam ser descobertos para que nós os dois possamos continuar a nossa viagem sem nos desviarmos da rota traçada.

(Fotografia: Capri, Itália, 22 de Fevereiro de 2006 / Texto: Coimbra, Portugal, 11 de Abril de 2006)

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Peekaboo

Que viagem é essa? Em que lugares de antes posso encontrar-te agora? Deixando-me na sala com um livro aberto sobre o colo, os olhos conhecedores nas páginas que já não lês. Lembro-te descalça pelo jardim com aquele teu vestido, branco longo, correndo, saltando, gritando frases soltas, rodopiando, suja de terra e de ervas. O nosso cão atrás de ti, louco de alegria, e eu olhando-vos, rebentando de risos, da varanda. Olho agora esse jardim sem flores, por detrás da janela orvalhada da sala onde lias o teu livro eterno. A catedral vizinha dá as cinco da tarde e as badaladas perpetuam-se pela casa nos acordes de Charles Lloyd. The water is wide. Há uma distância impossível entre nós dois, e no entanto pretendo ainda tocar-te e sentir o teu cheiro nas minhas camisas brancas. As tuas mãos cobrem-me os olhos, e a tua voz quente anda à minha volta e faz-me lembrar as vezes em que propositadamente me fazias nódoas nas gravatas para que eu tardasse um pouco mais a sair pela manhã. Lembra-me os duches quentes a dois, totalmente vestidos, antes das festas onde éramos sempre os últimos a chegar. Peekaboo. Provocas-me correndo louca, nua, pela casa, gritando alto, escorregando nos tapetes, indo de encontro às esquinas, fugindo, escondendo-te de mim para me encontrares lá onde me querias contigo. E os gemidos e os beijos e tudo o que não consigo descrever. E os risos, e as mãos à minha volta ao descobrir-te dentro do armário do nosso quarto. Amor feito ali mesmo entre as roupas e os lençóis dobrados com tanto cuidado. E as autoridades chamadas à noite por um vizinho zeloso e preocupado contigo. Tínhamos coração em demasia tu e eu! E agora, que jogo estranho e cruel é este em que te escondes numa derradeira partida? Pensas esconder-te para sempre? Estranha viagem a tua.

(Fotografia: Roma, Itália, 2 de Março de 2006 / Texto: Porto, Portugal, 3 de Julho de 2003)

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Friday, April 07, 2006

Onde tudo foi sendo perfeito

Voltar a partir.
Regressar ao silêncio,
Aos espaços amplos,
Invisíveis,
Transparentes.
Regressar à felicidade,
Onde a vida é feita de minúsculas fracções
De um tempo imperceptível.
Deixar de vez o negro da noite
E abraçar o azul cobalto
Do céu das manhãs frias do norte.
Regressar ao tempo de paz,
Abandonar a guerra
Pela última vez
Sem olhar para trás.
Apagar toda a dor de espírito
Da noite perpétua.
Regressar ao silêncio,
A casa,
Aos filhos,
Aos pais,
Aos teus braços,
Às transparências,
Ao outro lado das existências,
Ou simplesmente regressar
Para que seja possível voltar a partir
(Ainda que os lugares fiquem para sempre dentro de nós)

(Fotografia: Roma, Itália, Fevereiro de 2006 / Texto: Coimbra, Portugal, s. d.)

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Here I am

I love you but it’s all so silent now! What more words should we have said to each other? What more could we have done? I think it’s alright, we’ve lived enough. The truth is that I still feel your arms around me; I can still sense your breathing close to my neck; I still feel your eyelids touching my cheek, sometimes! Now it’s all so quiet and I always feel so sleepy. But in my sleep we kiss as we used to kiss! And in my sleep you’re always there as you used to be! And you know that when you’re there I feel alive, and for that reason I want to stay here with you. And so I will, my sweet love, for all eternity.

Yesterday I had a strange dream. I dreamt I turned into stone and yet I could smell geraniums! Suddenly I sensed movement on my back and realised that there were this beautiful pair of wings, white as heaven, over my shoulders! And I remember looking at the window, smiling one last time, and starting a journey towards you, a long journey towards you, to be with you again, to stay with you again, forever more. And so I will, my great love, for all eternity.

Here you have me. Although it’s silent I feel quite comfortable now, I want you to know that! Although the clouds look like bringing rain again and some wind is blowing and making a mess of my hair I don’t mind! Don’t worry. Nothing matters anymore; I’m home. I don’t feel cold or pain; I don’t feel the need of anything except to be with you, as we were meant, always and always and always. And so I will my one and only love, for all eternity, in this most eternal of places.

(Photography: Rome, Italy, March 2nd 2006/ Text: Coimbra, Portugal, March 2006)

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Thursday, April 06, 2006

Away from home # 7

While travelling I couldn’t help thinking I was loosing someone back home! And I did. And so I want to say goodbye now…

(Photography: Naples, Italy, February 22nd 2006)

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